quarta-feira, maio 27, 2009

Sobra tanta falta...


De todas as saudades que já experimentei, esta é a mais estranha, pavorosa e deliciosa.
Entre a saudade de quem mora longe, de quem se mudou, de quem já se foi, do tempo que não volta mais, dos lugares que estive, a saudade de alguém que está perto é estranhamente diferente.
Dói, tanto quanto as outras. Faz chorar, faz querer correr, parar e/ou voltar no tempo.
Saudade esta que cresce na presença.
Presença da ausência de quem deveria estar presente, o tempo todo, mas não está.
A saudade de quem está perto, alimenta-se exclusivamente de companhia.
Funciona mais ou menos assim:

"Se passo 4 horas com você, 1 hora sem você é o suficiente para me encher de saudade;
Se passo 12 horas com você, 30 minutos são suficientes;
Se passo 1 dia inteiro com você, 1 ou 2 minutos bastarão para eu sentir sua falta;
Se passo 1 final de semana com você, na despedida já estarei chorando sua ausência;
Se passo 1 semana inteira com você, perigosamente, posso não te deixar ir, nunca mais!"

Não, não é acostumável viver com esta saudade.
Ela não passa com os dias, nem com os afazeres. Ela permanece lá. Pronta para atacar, a qualquer momento!
Sim, qualquer. Não importa onde você esteja, nem o que esteja fazendo.

Mas ela é também deliciosa.
Deliciosa, porque está sempre perto de ser sanada.
Seja em um encontro não pensado em um lugar improvável.
Em uma visita oportuna e confortante, ou em um dia bem planejado.
Deliciosa, porque pode ser "facilmente matada".
Ainda que morra, para ressucitar na despedida.

Mas eu e esta tal saudade temos um encontro marcado.
Um embate programado.
Onde eu acabarei com ela, pra sempre. Pra sempre.

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